Bumbet Red Tiger Gaming Estresse pós-traumático desafia 1 em cada 4 gaúchos atingidos por enchentes no Rio Grande do Sul
Quando os primeiros pingos de chuva caem no pátio de sua casa em São Sebastião do Caí (RS), a comerciante Isolete Vogt, 71, sente o coração acelerar. Moradora de uma casa de dois andares parcialmente comprometida pela enchente do rio CaíBumbet Red Tiger Gaming, ela desenvolveu um protocolo pessoal.
ZA9BET 100% Autorizado -ZA9BET | Online CassinoPrimeiro, ela fecha as janelas. Depois, pega o celular e telefona para amigos em Caxias do Sul, cidade a 70 km de distância e próxima à nascente do rio, para saber o que está por vir. "Eu ligo e aí me dizem ‘pode ficar tranquila’, ‘aqui não está chovendo tanto’, e daí eu me acalmo. Mas e o medo?", indaga. Quando a chuva é à noite, o que ajuda é o sono causado pelos remédios antidepressivos.
Se o dia está ensolarado, Isolete continua uma faxina pós-enchente que parece sem fim. "Ainda não está limpo. Eu despejo álcool para não deixar entrar moscas", diz. "Eu não paro. Minha vizinha disse que tenho que parar, mas o cheiro da lama me faz mal."
Isolete é uma das sobreviventes das chuvas e enchentes do Rio Grande do Sul que lida com os impactos psicológicos da tragédia climática a longo prazo.


Um estudo contínuo realizado com mais de 5.000 vítimas da enchente desde maio de 2024 pelo HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre) apontou que, seis meses após a tragédia, 24% dos participantes mostraram sintomas de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático). Dentre os principais sintomas, estão pesadelos, pensamentos intrusivos, crises de ansiedade, evitação e sentimentos de dissociação.
"O estresse pós-traumático é uma doença na qual a pessoa perde a confiança de estar no mundo e a sensação de que tem algo que possa protegê-la", diz Simone Hauck, coordenadora do estudo e professora do departamento de psiquiatria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). "Uma torneira aberta ou o barulho de chuva transporta para o momento que aquilo aconteceu, como se estivesse na enchente de novo."
Cuide-seO estudo apontou que os fatos mais associados à permanência de sintomas de estresse pós-traumático são perdas materiais ainda não recuperadas e falta de uma rede de apoio humano. Por isso, Simone defende a capacitação de comunidades e agentes públicos para um acolhimento mais humano durante as tragédias.
"Tudo gira em não deixar as pessoas ficarem paradas naquele ponto do tempo", diz a professora. Segundo ela, agir nos primeiros meses permite que o retorno à vida normal aconteça mais facilmente. Se ignorado, o TEPT pode se tornar um problema crônico.
"É importante retomar a vida e enfrentar as coisas para fazer novas memórias que não sejam embebidas da sensação de perigo", diz Simone. "O tratamento para não adoecer é contra-intuitivo. Você tem que ir no que te dá medo, tem que ir de encontro fisicamente falando."

Esse confronto é uma dificuldade para a estilista Bárbara Duprat, 30. Segura em um apartamento em Novo Hamburgo em maio, ela viveu por dias a apreensão de não saber se a casa onde passou a infância, na zona rural de Pareci Novo, havia sido levada pela enxurrada do rio Caí.
A estrutura segue no lugar, mas os danos estruturais e a erosão no terreno deixaram a casa sob risco de desmoronamento. "Eu nunca mais entrei ali depois de maio", diz Bárbara. "Minha mãe faleceu em 2022, e ali era o lugar onde as coisas ainda tinham a memória dela. Agora, a casa ficou com outra configuração."
"A vida tem que seguir mesmo com todas as dores. Mas, se passo em frente, tento não olhar. Eu viro a cara, porque sei que vou sofrer muito", conta. Ela se encaixa em algumas das características dos mais afetados por TEPT de acordo com o levantamento —mulheres, jovens e com renda mensal abaixo de R$ 5.000.
O estudo do HCPA também mostrou que o nível de estresse pós-traumático de voluntários civis que participaram de resgates durante a tragédia supera os de pessoas resgatadas. "São pessoas que estão muito vulneráveis a desenvolver [o transtorno]. Eles viram as piores imagens."
Semanas depois de participar de missões a barco como voluntário, o artista e produtor cultural Thainan Rocha, 28, era acordado de madrugada por sonhos em que estava em um barco que estava sempre prestes a virar.
fortune tigerAs noites maldormidas se somavam à preocupação com o futuro da família, que perdeu tudo quando as águas do rio Jacuí submergiu Eldorado do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre. "Essas coisas me fizeram perceber que eu estava sendo invadido em diferentes espaços", disse.
"Eu caminhei nas ruas da minha infância com água batendo no peito, entrando em posto de saúde abandonado para ajudar a pegar remédios para as pessoas", conta Thainan, que lembra desse momento como algo fora da realidade. "Parecia uma outra vidaBumbet Red Tiger Gaming, apesar de eu estar ali sentindo na pele."